A insatisfação permanente

Nós corremos atrás de objetivos e métricas que ainda não alcançamos, e, quando os conquistamos, planejamos outros para uma nova corrida. Isso ocorre com você também?

Somos condicionados desde pequenos a fazer algo por uma recompensa, e assim somos educados e ensinamos nossos filhos que a recompensa é lá, e infelizmente não é aqui.

Assim, passamos sem perceber, diariamente, em busca do que não temos. Quando crianças, estudamos para passar de ano escolar, depois estudamos para conquistar nosso estágio, e então buscamos metas para alcançar o próximo nível profissional.

Após anos correndo em busca do que ainda não temos, um dia olhamos para o que passou e vemos quantos momentos importantes deixamos para trás. Vemos noites em claro, trabalhos nas férias, fins de semana preocupados, e, como único resultado, vemos pessoas e momentos que são importantes, mas, infelizmente, não são mais parte de nossa rotina.

Um pouco trágico? Sim, mas também realista, pois cedo ou tarde esse resultado bate à porta e precisamos refletir se valeu a pena. Não desejo passar nenhuma ideia de que devemos jogar tudo para cima e viver unicamente o presente. Isso também traria resultados, e talvez tivéssemos que encarar uma vida sem realizações ao olharmos para trás.

Mas quero refletir como lidar com isso. Óbvio que não tenho resposta, talvez esse seja um dos grandes enigmas da atualidade. Criamos conflitos internos pensando se investimos em nossas atividades profissionais e sacrificamos nossos relacionamentos, ou se aplicamos força contrária e colocamos em risco nossa satisfação profissional.

Fuja de qualquer um que lhe prometa uma resposta mágica para isso. Corra de qualquer fórmula realizadora de sucesso e equilíbrio quase monástico.

Meu convite é que seu pensamento reverbere em você, indagando-se qual a melhor forma de resolver isso na sua realidade. Temos dois objetivos específicos, necessários e não excludentes entre si. Por um lado a busca do que não temos, e, desta forma, evoluímos e conquistamos novos patamares. Por outro, a felicidade no que temos, na luta e não apenas na conquista.

Como balancear isso na sua realidade?

Por muitos anos foquei exclusivamente no que ainda não tinha. Obcecado por isso, tive grandes conquistas, mas também perdas que hoje me fazem falta. Eu aprendi que toda conquista exigirá renúncias e esforços, mas como sabermos se isso valerá a pena?

E infelizmente também não temos essa resposta. Talvez você até se decepcione por esperar alguma iluminação, mas o aprendizado é a única coisa que posso compartilhar.

O objetivo deve ser claro, e quando alcançarmos a meta, devemos celebrá-la. Não precisamos esbanjar na comemoração, mas sim necessitamos de algo que reconforte e recupere as energias. Baterias recuperadas, novos desafios traçados, começamos uma nova caminhada em busca do que ainda não temos.

Uma sacada importante é reconhecer se devemos mudar a rota e nossos objetivos. E com isso fecho essa reflexão. Já que passaremos mais tempo na caminhada de novas conquistas do que de fato na celebração, nossa obrigação é tornar o caminho divertido e prazeroso. A felicidade é o caminho.

Talvez a nossa insatisfação pelo que ainda não temos, apesar de humana, pode ser apenas um artifício para nos ensinar a buscar e celebrar cada passo de nossa caminhada, e não apenas as nossas conquistas.

E você? Encontrará felicidade e realização cada dia na caminhada da conquista do que deseja? Divide com a gente…


2 comentários em “A insatisfação permanente

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por Anders Noren

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